Métodos Quantitativos em Psicologia
- Grupo de Estudo e Pesquisa em Economia da Saúde
- 4 de jun. de 2019
- 3 min de leitura
No senso comum, a Psicologia e os números não se “bicam”, a estatística sempre foi um bicho-de-sete-cabeças para grande parte dos estudantes desse curso. Talvez a maioria destes não esperavam encontrá-la na grade curricular de um curso de Humanas (ou Saúde, como é o caso de algumas universidades). Fato é que a estatística tem seu espaço nas Ciências Humanas e desempenha um papel de destaque nas pesquisas de cunho quantitativo.
Apesar de sofrer certo preconceito de parte dos pesquisadores que usam predominantemente o método qualitativo, é importante lembrar que a definição de qual método utilizar, depende mais da natureza do objeto de estudo do que, de fato, da linha do pesquisador. Escolher o método em momento anterior à definição do fenômeno a ser investigado é colocar “o carro a frente dos bois” e não faz sentido algum. Sendo assim, também não faz sentido se autointitular como um pesquisador quanti ou quali.
Devido a ascensão do uso de técnicas quantitativas na Psicologia, e tornando-se a Estatística uma disciplina obrigatória em grande parte das universidades brasileiras, os autores de livros relacionados a esse campo têm despendido esforços para transmitir essa ferramenta numa linguagem mais distante do rigor matemático e mais aplicada às
necessidades de cada área. Para ilustrar esse fato, cito um dos livros mais utilizados nas pesquisas de natureza quantitativa na Psicologia, “Estatística sem Matemática para Psicologia”, dos autores Christine P. Dancey e John Reidy. Nesse material é possível encontrar, desde análises mais básicas, como estatísticas descritivas, àquelas mais complexas, como as análises multivariadas (Análise Fatorial, MANOVA, Regressão múltipla), numa linguagem acessível ao público ao qual se direciona.
Um dos frutos do casamento dos métodos quantitativos com a Psicologia é a área da Psicometria, que se dedica à construção e validação de testes/instrumentos/escalas psicológicos. Nessa subárea, os pesquisadores recorrem comumente a Estatísticas Descritivas para caracterização de amostras e ao uso predominante de Análises Fatoriais para definição da estrutura dessas medidas, conversando sempre com o aporte teórico que embasa a construção dos itens.
Análises estatísticas cada vez mais robustas vêm sendo utilizadas nas Ciências Humanas, e especificamente, na Psicologia. Os pesquisadores brasileiros da área seguem tais novidades por meio de publicações internacionais e tentam acompanhar a rapidez dessas inovações. Diante disso, vale destacar a necessidade de estar sempre buscando
atualizações nas novas formas de fazer ciência, a fim de não se estagnar e perder-se nas diversas possibilidades de trabalho. Dentre tais atualizações estão os software que demandam um treinamento prévio do pesquisador para execução de análises dos dados.
Enquanto pesquisadora da área de Psicologia, percebo a importância dos métodos quantitativos nos trabalhos científicos, pois é a partir de seus resultados que podemos fazer generalizações para populações e compreender de forma mais ampla (no sentido amostral) determinados fenômenos, o que não seria possível por um meio mais qualitativo, como um estudo de caso, por exemplo, e usando uma ferramenta como a entrevista. Não por ser uma técnica ruim , mas por preocupa-se com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc; enquanto aquele, objetiva encontrar um padrão ou tendência para explicação de determinado fenômeno, o que permite a construção de novas teorias e/ou o fortalecimento/enfraquecimento empírico das já existentes.
Diante do exposto, reafirmo a relevância de cada método de pesquisa, considerando suas particularidades e devidas adequações ao objetivo que se propõe alcançar. Independente do método que será utilizado numa pesquisa, é necessário conhecer tão bem seu objeto quanto o caminho metodológico que será utilizado para sua compreensão, uma vez que caminhos incorretos, levam a destinos equivocados.
Leitura sugerida:
* Dancey, C. P., & Reidy, J. G. (2019). Estatística sem Matemática para Psicologia. Porto Alegre: Penso.
* Dancey, C. P., Reidy, J. G., & Rowee, R. (2017). Estatística sem Matemática para as Ciências da Saúde. Porto Alegre: Penso.
* Field, A. (2009). Descobrindo a Estatística usando o SPSS. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed.

Luize Anny Guimarães Amorim é Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Psicologia Social (UFPB), Mestre em Modelos de Decisão e Saúde – Departamento de Estatística (UFPB), Graduada em Psicologia (UFPB) e integrante do Núcleo de Estudos do Desenvolvimento Humano, Educacional e Social - NEDHES (UFPB).
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