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A importância das Práticas Integrativas em Saúde

  • Foto do escritor: Grupo de Estudo e Pesquisa em Economia da Saúde
    Grupo de Estudo e Pesquisa em Economia da Saúde
  • 19 de jun. de 2019
  • 7 min de leitura

A importância das práticas integrativas e complementares em saúde – PICS é uma resposta ao novo paradigma da epidemiologia que aponta uma mudança drástica nas doenças na população brasileira em relação aos investimentos em saúde. Os recursos econômicos no longo prazo estão aplicados em investimentos hospitalares concentrados em terapias das doenças tropicais. Os investimentos no complexo produtivo em saúde marcam o parque industrial farmacêutico com novos medicamentos, novas estruturas de acesso a informações de saúde, inovações em doenças infectocontagiosas como as respostas inovadoras às inflamações estomacais por vírus, bactérias ou outros microrganismos. A inflamação estomacal pode ser uma marca da presença da bactéria “H. pylori” que causa feridas, gastrites e úlceras no estômago. A bactéria vai parar no estômago por alimentos e água contaminada, pela falta de higiene no contato com pessoas que tiveram a bactéria, como também pelo descuido com a saúde. No contexto da bactéria, a ausência de políticas públicas de saneamento, faz uma diferença nos dados estatísticos de doenças tropicais (Butler, Jane Dixon & Capon, 2015; Machado, 2017).

A dinâmica do sofrimento humano com a bactéria indica pouca diferenciação entre doenças crônicas e doenças infectocontagiosas. A trajetória da bactéria no estômago mostra como uma doença infectocontagiosa se transforma em uma doença crônica em um contexto de poucas políticas públicas de saúde na atenção primária, como também o descuido pessoal, pouca consciência, desrespeito da pessoa com sua própria saúde. Na luta pela sobrevivência, algumas células passam a se multiplicar, roubar energia de outras partes do corpo, o que indica as condições de sobrevivência da célula, das relações das células entre si, dos sistemas fisiológicos, do contexto de vida da pessoa – que indica à célula a decisão pessoal por não investir em si mesmo, por procurar condições que levam a morte, o que faz com que as células tomem a iniciativa pela vida.

Em mortes por causa cancerígena, as células sobrevivem mais tempo que a pessoa morta, um tipo de imortalidade com a existência de tumores cancerígenos. A dificuldade em se debruçar sobre os problemas pessoais, de expressar os sentimentos pode levar à ansiedade, como também à decisão por mais trabalho, mais intenso, por mais tempo. A escolha aponta a preferência por trabalhos intensos em mão-de-obra em detrimento ao aumento das inovações, o que facilita que a “H. Pylori” seja um agente que leva ao câncer.

Outro foco de ansiedade na adultez que facilita a trajetória da doença para o câncer é proveniente das ideologias sociais de prioridades para o bem-estar infantil sem considerar o esforço do trabalho dos pais para a tarefa. O custo crescente aumenta o estresse no fechamento do orçamento doméstico. Assim, o mercado de produtos infantis, utiliza a ideologia de prioridade infantil para sensibilizar os pais para custear mais serviços infantis. O que os filhos atuais têm disponível no mercado infantil não existia em grandes números nos tempos de seus avós como: escolas integrais, participação complementar em escolas de dança, artes, esportes, viagens desacompanhadas em companhias aéreas, colônia de férias, compra de celulares a computadores para jogos eletrônicos. Na correria atual, em que a tecnologia barateou as mercadorias, é comum que o investimento nos filhos seja superior aos investimentos dos antepassados, o que aumenta a pressão por mais trabalho, com o marketing da garantia de um futuro melhor a nova geração. A intensidade de trabalho, o almoço “fast food”, comida rápida, a ausência de preocupação com práticas alimentares sem higiene na maioria dos estabelecimentos de indústria alimentícia indica condições psicossociais desfavoráveis a vida saudável.

A taxa de divórcio acima da taxa de casamento nos últimos anos no Brasil, a quebra da constituição familiar, aumento do divórcio são provenientes do sentido da pragmática lingüística da atual legislação brasileira a respeito da família, o casamento a partir da afetividade: quando as narrativas do cônjuge não fazem o seu outro (a) sentir afeto, o sentido da expressão “meu bem” se transforma na partilha de filhos e da herança patrimonial em “meus bens”, outro foco contextual que marca a trajetória da doença com os problemas psicossociais.

O contexto da doença em detrimento do investimento na qualidade de vida não se encontra nos investimentos do complexo produtivo em saúde, nos hospitais públicos e privados. No atual quadro demográfico, de envelhecimento da população brasileira aumenta a procura por serviços de doenças crônicas degenerativas, como as disfunções celulares, úlceras, inflamações que indicam as condições extra fisiológicas; casos de depressão e suicídios são mais comuns em populações mais intensas em trabalho.

Assim, a economia da saúde está em revolução, pois enquanto os investimentos hospitalares nos últimos cinquenta anos foram intensos em tecnologias da inovação de doenças tropicais mais típicas dos jovens, a população brasileira envelheceu o que levou a mudanças na procura por saúde, por doenças-não comunicáveis. É necessário um serviço da prática de saúde que considere a pessoa no seu ambiente, que avancem os estudos das determinantes sociais da saúde.

A necessidade do acesso às práticas de saúde consistentes com um modelo mais contextual se concretiza com a oferta do Ministério da Saúde de dez práticas integrativas na portaria 702/2018, quatorze práticas com a portaria 145/2017 e cinco práticas com a portaria nº 971/2006. Entende-se com a política da portaria 971/2006 que o atendimento médico na forma alopática exclusiva não soluciona tudo que se manifesta nas pessoas enfermas; Que o atendimento médico alopático fica mais completo com o uso de técnicas que consideram o doente e não a doença, a situação do enfermo presente nas suas narrativas sobre o contexto ambiental, o corpo físico, o emocional e o mental; que o tratamento da situação do enfermo com ênfase nas práticas integrativas fortalece o uso de exame clínico com anamnese, uma prática da medicina eficiente (Brasil, 2018; Lopes, 2013; Nascimento & Oliveira, 2016; Porto, 2013: capitulo 1).

Com base na disposição das práticas integrativas em (a) Práticas de cuidado os serviços (Pereira, 2017) de a1) Massoterapia, a2) Shantala, a3) Reflexoterapia a7) Musicoterapia a8) Geoterapia; a9) Arteterapia; a10) Aromaterapia. A11) Ventosaterapia. Tema (b) Práticas holísticas de saúde mental (IBGE, 2015) b1) constelação familiar, b2) hipnoterapia. b3) Terapia comunitária; b4) Meditação; b5) Espaços de escuta, b6) Roda de conversa, b7) Yoga, b8) Pranayama, b9) Reiki, b10) Imposição de mãos. Tema (c) Promoção da saúde com insumos agroecológicos c1) plantas medicinais/fitoterápicos; c2) caminhadas c3) auriculoterapia c4); danças circulares c5); Biodança c6) naturopatia; c7) apiterapia c8) acupuntura. Bioenergética. As primeiras PICS disponíveis são (Sousa, 2013): Constelação Familiar, Reflexoterapia, Terapia de frequência de brilho, Massoterapia, Terapia comunitária, Qi-Gong e Reiki. Com a Constelação Familiar Sistêmica busca-se reconstruir a questão presente no campo morfogenético das emoções do participante com vivências coletivas da produção de sentidos intergeracional das experiências/expectativas terapêuticas em roda de jogos sistêmicos. Com o serviço pode-se oferecer a comunidade a prática de Frequências de Brilho que utiliza toques sutis, em várias

partes do corpo despertando a memória celular o que conduzirá a mudanças dos campos físico e vibracionais. Qi-gong é uma atividade física, prática corporal da Medicina Tradicional Chinesa que atua nos clientes com problemas no pescoço, ombros, região lombar, articulações, tendões e disfunções dos órgãos internos.

A massoterapia reúne várias técnicas para relaxamento através da estimulação da circulação linfática e sanguínea, aumento do metabolismo local, mobilização de fibras muscular e eliminação de resíduos. Reflexoterapia diz respeito ao relaxamento com a pressão nas áreas reflexas dos pés com correspondências corporal no funcionamento de cada órgão, glândula, circulação sanguínea na estrutura corporal. A prática da terapia comunitária integrativa atua em espaço aberto e envolve os membros da comunidade numa atividade de construção de redes sociais solidárias para promoção da vida e mobilização dos recursos e competências dos indivíduos, famílias e comunidades. Reiki é uma terapia natural japonesa para redução do estresse e relaxamento com a imposição de mãos.

Assim os integrantes do Grupo de Pesquisa, Extensão e Ensino montaram o ambulatório PICS semi-itinerante com equipe pluridisciplinar. O ambulatório PICS oferta os serviços de práticas de cuidado, terapias holísticas de saúde mental, como também de promoção e recuperação da saúde por meio das PICS. A equipe pluridisciplinar é composta com estudantes dos diversos cursos da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) com oferta de cursos de curta duração. A construção de informações para a implantação do ambulatório de PICS ocorre no território do Recôncavo da Bahia, como também com os parceiros externos.

São realizadas oficinas para preparar a equipe. Os conhecimentos gerados nas oficinas são registrados em diários de campo, como também nas fichas agroecológicas/SisGen (Brasil, 2017). Os participantes são preferencialmente da congregação da UFRB, como também das instituições do SUS no território do Recôncavo. Os instrumentos são as macas, óleos essenciais, assim como câmera fotográfica, filmadora, gravador e um diário de campo. São realizadas intervenções semi-itinerantes das PICS com vivências terapêuticas, exames clínicos com anamnese.

A Revista REVISE (https://revistarevise.wordpress.com/) tem interesse nos resultados de estudos semelhantes a partir do Congresso Internacional de Inovação Tecnológica na Saúde: a sustentabilidade das práticas integrativas nos insumos agroecológicos (https://www.ufrb.edu.br/mediagro/). Encontram-se outros estudos das práticas integrativas através de análises infométricas do Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa com a Biblioteca Virtual em Saúde das Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas - BVS MTCI Américas. A prioridade do consórcio é o desenvolvimento de mapas das evidências sobre as PICS para respaldar com evidências científicas a integração das PICS no SUS disponíveis na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PNPIC) do Brasil. As bases conceituais das análises infométricas podem aumentar as evidências científicas de uma determinada demanda de saúde, principalmente as manifestações clínicas limitantes como as provocadas pela ansiedade e pelas dores musculares. Esperamos contribuir com novas ferramentas mediacionais a respeito das práticas integrativas, como também das transições agroecológicas.


Bibliografia


Brasil. MS.(2018). Manual de implantação de serviços de práticas integrativas e complementares no SUS/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde. 56 p.

Butler, C. D.; Jane Dixon, J. & Capon, A. G. (2015). Health of people, places and planet. Reflections based on Tony McMichael's four decades of contribution to epidemiological understanding. The Australian National University.

IBGE (2015). Pesquisa nacional de saúde : 2013 : acesso e utilização dos serviços de saúde, acidentes e violências : Brasil, grandes regiões e unidades da federação / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. – Rio de Janeiro : IBGE.

Lopes, A. V. (2013). Estrategia de la OMS sobre medicina tradicional 2014-2023. Editora: Opas, Disponível em: http://www.who.int/iris/handle/10665/95008

Machado, J. M. H. & et. al (2017). Territórios saudáveis e sustentáveis: contribuição para saúde coletiva, desenvolvimento sustentável e governança territorial. Ciências Saúde. 28(2):243 -249.

Nascimento, M. V. N., & Oliveira, I. F. (2016). As práticas integrativas e complementares grupais e sua inserção nos serviços de saúde da atenção básica. Estudos de Psicologia (Natal), 21(3), 272-281. https://dx.doi.org/10.5935/1678-4669.20160026.

Pereira, B. M. D. (2017). Mãos que se abraçam: afetividade, cuidado e as práticas integrativas complementares, no Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgar Santos. Tese (doutorado Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação, Salvador: UFBA, 239p.

Porto, C. C. (2013) Semiologia Médica. 9ª ed. Guanabara Koogan.

Sousa, I. M. C. (2013) Medicinas tradicionais alternativas e complementares e sua estruturação na atenção primária: uma reflexão sobre o cuidado e sua avaliação. Tese (Doutorado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz. Ministério da Saúde, Rio de Janeiro. Disponível em https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/13933/1/466.pdf.














Professor Júlio César dos Santos. Doutor Pelo Instituto de Psicologia – UnB no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Humano e Saúde. Mestre e Graduado em Economia. Comitê Executivo da Revista Revise.

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