Gestão Hospitalar e seus desafios para a Economia da Saúde
- Grupo de Estudo e Pesquisa em Economia da Saúde
- 12 de set. de 2019
- 3 min de leitura
Com a crescente demanda, muito por conta do aumento da expectativa de vida, transição epidemiológica, uso de novas tecnologias, judicialização da saúde, há uma preocupação crescente com a sustentabilidade financeira em saúde.
O aumento da demanda contribui para a superlotação dos serviços de Urgência/Emergência/Pronto Atendimento. O problema da superlotação nos serviços de saúde não é um problema apenas dos países em desenvolvimento, como mostra o estudo feito pelo Joint Commission, uma das principais instituições internacionais voltadas para a qualificação e a segurança dos serviços de saúde. A instituição define a superlotação “como problema sistêmico, onde, em muitos casos, o próprio pronto-socorro não é a causa, mas apenas a unidade mais vulnerável” (Joint Commission, 2008). A superlotação é o fator mais preocupante no comprometimento da segurança do paciente. “Ela é causada por atrasos no tratamento, índices de erro mais elevados, piores resultados, desistência dos pacientes antes de conseguir receber atendimento e índices de readmissão mais elevados. ” (Joint Commission, 2008).
Laselva (2014) diz que o equilíbrio da “capacidade e demanda, aumenta a segurança do paciente e é essencial para assegurar que os pacientes recebam o cuidado certo, no lugar certo, na hora certa, durante todo o tempo.”
A Economia da Saúde vem ganhando cada vez mais importância como forma de contribuir para enfrentar os problemas em gestão hospitalar auxiliando no processo de tomada de decisão visando à equidade em saúde, ajudando assim para a sustentabilidade em serviços de saúde.
Fatores como aumento da demanda, crise ambiental entre outros trazem impactos negativo para a sustentabilidade em serviços de saúde.
Dados do IBGE mostram que nos anos 80 a expectativa de vida era de 62 anos. Em 2013 era de 75 anos e a projeção que em 2060 seja de 82 anos. O que significa uma demanda crescente do uso de serviços de saúde. Outros fatores como o aumento de doenças crônicas, associadas a má alimentação, sedentarismo, estresse, aparecimento de doenças que antes eram mais comuns em pessoas idosas como colesterol e diabetes, implantação de novas tecnologias, aumento da poluição dos ar aumenta as doenças respiratórias – paciente se trata no hospital e depois retorna para o ambiente que o adoeceu, o que pode gerar reinternações. Outros fatores são as perdas, excesso, desperdícios de insumos na hora da prestação de saúde.
A Rede deve funcionar de forma mais eficiente, principalmente a atenção primária no campo da prevenção que os municípios se estruturem não somente na atenção primária, mas na atenção secundária, que não se preocupem somente em ter uma ambulância para encaminhar para os hospitais de grande porte. Hoje se gasta mais para curar pessoas do que para a prevenção de doenças. Para a busca da sustentabilidade, deve-se gastar mais tempo e dinheiro em promoção da saúde.
A figura abaixo mostra temas da economia da saúde e questões que poderiam ser respondidas pelas UES.
Figura 1 – Temas da economia da saúde e a algumas questões que poderiam ser respondidas pelas unidades de economia da saúde. Vieira (2016).

Vieira (2016) defende a relevância de unidades de economia da saúde (UES) para contribuir na gestão em saúde. Ainda ressalta que economia da saúde enquanto disciplina que agrega os campos de conhecimento da economia e das ciências da saúde pode ter um papel relevante no processo de tomada de decisão sobre intervenções, políticas e programas em saúde, a fim de otimizar a utilização dos recursos públicos, sendo igualmente importante discutir os meios pelos quais os tomadores de decisão acessam essas informações especializadas.

Irani Martins é economista pela Universidade Federal do Ceará (UFC-Sobral), atualmente coordena o Núcleo de Atendimento ao Cliente (NAC) do Hospital Regional de Sobral.
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